quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"CONDUTORES DE CADÁVER"



Condutores de Cadáver foi uma das primeiras bandas de
punk rock brasileiras formada em 1979 em São Paulo.
Formada por Callegari na guitarra, Índio no vocal, Hélio no baixo e Nelsinho
"Teco Teco" na bateria, o Condutores de Cadáver nasceu de outra banda chamada
N.A.I. (Nós Acorrentados no Inferno) que durou apenas um show,
no qual tocou o Restos de Nada e o AI-5. Após esse show, no final de 1979,
entra o baixista Clemente do Restos de Nada no lugar de Hélio,
e sugere que o N.A.I. mude o nome para Condutores de Cadáver.
Hélio se juntaria ao Redson para formar o Cólera (banda),
outra banda célebre do cenário punk brasileiro.
Muito diferente da proposta da Restos de Nada, preocupavam-se mais em chocar a audiência com as performances de seu vocalista e com as letras mais blasfemas do punk rock nacional. No início, as bandas sempre se apresentavam juntas,
pois nenhuma tinha aparelhagem suficiente para fazer um show solo.
Em um show no Teatro Pulga, no centro de São Paulo, em que tocou a banda
Verminose de Kid Vinil, a banda chegou junto com a gangue da Carolina e
pela pressão exercida pelos punks ali presentes, Kid Vinil cedeu seus
instrumentos para qua a banda se apresentasse.
A banda acabou em 1981, Clemente e Callegari formaram o Inocentes, e
Índio o Hino Mortal.
Em 2001 se reuniram novamente com Índio no vocal, Callegari na guitarra, Hélio no baixo e Babão na bateria e tocaram no encerramento do festival punk
A Um Passo do Fim do Mundo, que aconteceu nos dias 24 e 25 de novembro de 2001
em São Paulo que contou com a participação de mais 50 bandas.
Em dezembro de 2001, lançaram um compacto homônimo em vinil com quatro faixas numa edição de apenas 500 cópias. Até então os únicos registros fonograficos da banda
eram alguns cassetes piratas, editados por pequenos selos europeus,
com gravações caseiras de shows ou ensaios.

Discografia

Condutores de Cadáver (EP, 2001)

Compilações

Botinada: a Origem do Punk no Brasil (CD, 2006, ST2)


sábado, 4 de fevereiro de 2012

"ARNALDO E A PATRULHA DO ESPAÇO"



Arnaldo, Cokinho, Rolando Castello e John Flavin


Depois do álbum Lóki?, de 1974, e antes do Single nalone, de 1981, Arnaldo Baptista viveu sua fase hard-rock, ou melhor, sua fase lenha, para usarmos uma expressão sessentista, até hoje do vocabulário de Arnaldo, para designar o ancestral rock pauleira. Nesta viagem no limite máximo, teve por companhia o
grupo Patrulha do Espaço.
A viagem lenha começa em 1975, quando Arnaldo estrutura seu novo projeto, o grupo Space Patrol, inicialmente com o baterista Zé Brasil; e, depois, com sua primeira formação definida, com Rufino e Dudu, nas guitarras; Cenoura, no contrabaixo; e Arnaldo, na bateria com dois chimbaus, um de cada lado. Apenas ensaios caseiros, com pequenos amplificadores e a companhia de uma televisão ligada, sem som.
Em 1977, o grupo passa a se chamar Arnaldo & A Patrulha do Espaço, continuando seus ensaios, já com a seguinte formação: John Flavin, na guitarra; Osvaldo Gennari “Cokinho”, no contrabaixo; Rolando Castello Júnior, na bateria; e Arnaldo, no piano e voz. No final do ano, o grupo grava, no Estúdio Vice-Versa, com apoio irrestrito do maestro Rogério Duprat, treze músicas, em dois dias. O material, se adquirido por alguma gravadora, teria uma mixagem definitiva. Sem interesse de gravadora, o disco só veio á cena, mesmo assim parcialmente e a partir de uma rough mix, extraída de uma cópia de dois canais, onze anos depois, em 1988, com o título de Elo Perdido.
Deste período, se revelam doze canções, sendo que sete delas, Arnaldo regravaria no Singin’ Alone, ou na versão original ou vertida para o inglês/português, com sutis, mas fundantes, modificações em seu texto.
Elo Perdido repete do Singin Alone: O Sol, com o título de Sunshine; Corta-jaca; Trem/Train; Emergindo da Ciência/ Coming Through the Waves of Science;
e Raio de Sol/Sitting on the road side.*

De inéditas, temos: Sexy Sua, canção de amor e sexo composta para a ex-namorada Martha Mellinger, com seu título/refrão trocadilhescos sua: verbo? Pronome? -, pode ser resumida como um culto/exercício prático da libido.
Um pouco assustador, exercita segundo Arnaldo, o jogo reativo de encontros telepáticos. Onde, quem participa do encontro se assusta e se auto conhece.
E Fique Aqui Comigo, Arnaldo trava um diálogo com uma visitante desconhecida,
que seria. Ao mesmo tempo, parceira e platéia de um show-conversa mental.
Em maio de 1978, já com mais um guitarrista, Eduardo Chermont, o grupo se apresenta no Teatro São Pedro, em São Paulo SP. Da noite sairia uma gravação amadora, lançada, em 1988, no álbum Faremos Uma Noitada Excelente.
O disco traz as já conhecidas: Emergindo da Ciência, Um Pouco Assustador, Fell in Love One Day, Cowboy e Hoje de Manhã Eu Acordei, de inédita somente a instrumental Arnaldo Soliszta, improviso ao piano, à maneira de Hermeto Pascoal.
O título foi dado, posteriormente, por Rolando Castello Júnior e abarca as várias capacidades e saberes de Arnaldo: pianista, solista, fã do compositor húngaro Franz Liszt (1811-1886) e, obviamente, solista, amante do sol, leia-se, sunshine/LSD.

Nestes dois falsos rascunhos, na verdade songbooks de sobrevivência e luta,
Arnaldo escreve, em forma de mosaico, sua revolucionária obra, entre a louca-lucidez que envolve projetos de diálogos e interlocuções, entre palco e platéia, passado e futuro, vida e arte, ciência e sonho, revelando que há sempre algo que falta, algo que ficou irremediavelmente perdido, e que, a cada descoberta, percebemos que é a incompletude que nos completa. A obra solo de Arnaldo é isto, lacunas e
elos perdidos que se completam permanentemente.
Assim, que tenhamos novos e bons ouvidos e sejamos bem-vindos ao Jardim do Sonho e da nova Ciência desta eterna nova música chamada: Arnaldo Dias Baptista.