sábado, 4 de fevereiro de 2012

"ARNALDO E A PATRULHA DO ESPAÇO"



Arnaldo, Cokinho, Rolando Castello e John Flavin


Depois do álbum Lóki?, de 1974, e antes do Single nalone, de 1981, Arnaldo Baptista viveu sua fase hard-rock, ou melhor, sua fase lenha, para usarmos uma expressão sessentista, até hoje do vocabulário de Arnaldo, para designar o ancestral rock pauleira. Nesta viagem no limite máximo, teve por companhia o
grupo Patrulha do Espaço.
A viagem lenha começa em 1975, quando Arnaldo estrutura seu novo projeto, o grupo Space Patrol, inicialmente com o baterista Zé Brasil; e, depois, com sua primeira formação definida, com Rufino e Dudu, nas guitarras; Cenoura, no contrabaixo; e Arnaldo, na bateria com dois chimbaus, um de cada lado. Apenas ensaios caseiros, com pequenos amplificadores e a companhia de uma televisão ligada, sem som.
Em 1977, o grupo passa a se chamar Arnaldo & A Patrulha do Espaço, continuando seus ensaios, já com a seguinte formação: John Flavin, na guitarra; Osvaldo Gennari “Cokinho”, no contrabaixo; Rolando Castello Júnior, na bateria; e Arnaldo, no piano e voz. No final do ano, o grupo grava, no Estúdio Vice-Versa, com apoio irrestrito do maestro Rogério Duprat, treze músicas, em dois dias. O material, se adquirido por alguma gravadora, teria uma mixagem definitiva. Sem interesse de gravadora, o disco só veio á cena, mesmo assim parcialmente e a partir de uma rough mix, extraída de uma cópia de dois canais, onze anos depois, em 1988, com o título de Elo Perdido.
Deste período, se revelam doze canções, sendo que sete delas, Arnaldo regravaria no Singin’ Alone, ou na versão original ou vertida para o inglês/português, com sutis, mas fundantes, modificações em seu texto.
Elo Perdido repete do Singin Alone: O Sol, com o título de Sunshine; Corta-jaca; Trem/Train; Emergindo da Ciência/ Coming Through the Waves of Science;
e Raio de Sol/Sitting on the road side.*

De inéditas, temos: Sexy Sua, canção de amor e sexo composta para a ex-namorada Martha Mellinger, com seu título/refrão trocadilhescos sua: verbo? Pronome? -, pode ser resumida como um culto/exercício prático da libido.
Um pouco assustador, exercita segundo Arnaldo, o jogo reativo de encontros telepáticos. Onde, quem participa do encontro se assusta e se auto conhece.
E Fique Aqui Comigo, Arnaldo trava um diálogo com uma visitante desconhecida,
que seria. Ao mesmo tempo, parceira e platéia de um show-conversa mental.
Em maio de 1978, já com mais um guitarrista, Eduardo Chermont, o grupo se apresenta no Teatro São Pedro, em São Paulo SP. Da noite sairia uma gravação amadora, lançada, em 1988, no álbum Faremos Uma Noitada Excelente.
O disco traz as já conhecidas: Emergindo da Ciência, Um Pouco Assustador, Fell in Love One Day, Cowboy e Hoje de Manhã Eu Acordei, de inédita somente a instrumental Arnaldo Soliszta, improviso ao piano, à maneira de Hermeto Pascoal.
O título foi dado, posteriormente, por Rolando Castello Júnior e abarca as várias capacidades e saberes de Arnaldo: pianista, solista, fã do compositor húngaro Franz Liszt (1811-1886) e, obviamente, solista, amante do sol, leia-se, sunshine/LSD.

Nestes dois falsos rascunhos, na verdade songbooks de sobrevivência e luta,
Arnaldo escreve, em forma de mosaico, sua revolucionária obra, entre a louca-lucidez que envolve projetos de diálogos e interlocuções, entre palco e platéia, passado e futuro, vida e arte, ciência e sonho, revelando que há sempre algo que falta, algo que ficou irremediavelmente perdido, e que, a cada descoberta, percebemos que é a incompletude que nos completa. A obra solo de Arnaldo é isto, lacunas e
elos perdidos que se completam permanentemente.
Assim, que tenhamos novos e bons ouvidos e sejamos bem-vindos ao Jardim do Sonho e da nova Ciência desta eterna nova música chamada: Arnaldo Dias Baptista.


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