quarta-feira, 20 de outubro de 2010
"O SOM NOSSO DE CADA DIA"
Tendo lançado um dos maiores clássicos do Rock setentista nacional - o LP “Snegs” (1974) - a banda foi fundada em São Paulo, no ano de 1971, pelos seguintes músicos:
Manito: espanhol de nascimento, é um legítimo multi-instrumentista (piano, órgão, moog, flauta, sax e violino) e já famoso pelo seu importante papel com o grupo “Os Incríveis. No decorrer da sua carreira tocou com muitos nomes de peso, tais como Os Mutantes, Rita Lee e Camisa de Vênus na área do Rock e Roberto Carlos e Zé Ramalho na área da MPB
Pedro Baldanza: mais conhecido como PEDRÃO, o baixista e vocalista gaúcho já havia sido membro das históricas bandas “Novos Baianos” e “Perfume Azul do Sol”, além de ter convivido e atuado com Walter Franco e Cassiano. Após o fim da banda em 1977, trabalhou com importantes nomes da MPB, tais como Ney Matogrosso, Elis Regina, Gal Costa e Sá & Guarabira
Pedrinho Batera: Um dos mais brilhantes bateristas do Rock Nacional, trabalhou também com Luiz Melodia e Belchior, além de diversos grupos de Jazz. Infelizmente, faleceu precocemente em meados dos anos 90.
A Obra-Prima
Apesar de sua curta discografia (apenas 2 LPs e um compacto, ambos de estúdio nos anos 70 e, posteriormente, um CD ao vivo em 1994 e um CD duplo também ao vivo com registros inéditos dos anos 70), os músicos acima podem se orgulhar de terem lançado um dos mais brilhantes, criativos e empolgantes discos de Rock da América do Sul.
Todas as músicas do álbum SNEGS são excelentes, mas “Sinal da Paranóia”, “Bicho do Mato”, “Massavilha” e “Dirección de Aquarius” merecem ser citadas com maior destaque.
Considerado por muitos como o mais fantástico disco de Rock Progressivo nacional, é um item absolutamente obrigatório na coleção de qualquer fã do gênero.
Gravado e mixado em 1973 em apenas 7 dias e com grande precariedade de equipamentos de estúdio, é uma das maios perfeitas demonstrações de que o realmente importa na gravação de um disco é o TALENTO.
Outra grande façanha do Som Nosso de Cada Dia foi a realização dos 5 shows de abertura da turnê de Alice Cooper no Brasil em julho de 1974.
Com Alice no auge de sua carreira, o público presente foi sempre excelente (um total superior a 130.000 pessoas), o nosso representante brazuca obteve incrível sucesso, tendo suas apresentações mais queridas e lembradas até mesmo que o próprio astro principal.
A Vida Após “Snegs” e “Alice Cooper”
Por diversas razões, mesmo com o sucesso anterior, várias mudanças de formação ocorreram (Manito saiu e vários outros foram entrando e saindo) e somente três anos depois lançaram novo disco. Infleizmente, a época já era outra e o movimento “Disco Music” assolava o mundo. Foram então obrigados a gravar músicas que se adequassem a nova realidade. Mesmo assim, tiveram uma grande idéia, que possibilitou a inclusão de músicas do estilo Progressivo sem afetar a qualidade do álbum e sem incomodar aos fãs de estilos tão diversos.
Era lançado então o álbum “Som Nosso”, onde o Lado 1 recebeu o nome de “Sábado” e o Lado 2 de “Domingo”. O “Sábado” com sonoridade Funk, apropriada para “Os Embalos de Sábado a Noite” e o “Domingo” com músicas belamente Progressivas, perfeitas para o relaxamento e sossego de um “domingão”.
A idéia foi brilhante e o disco razoavelmente bem sucedido, mas, por diversas razões, a banda acabou se desfazendo. Como último suspiro, lançaram apenas mais um compacto, mas este teve a grata realização de o título de uma de suas músicas ter inspirado o nome de uma nova banda: a BANDA BLACK-RIO, famosa e histórica banda carioca de Funk instrumental.
P.S.: Importantíssimo ressaltar que este tipo de Funk setentista NADA, absolutamente NADA tem a ver com o “funk” existente hoje no Brasil…
Em junho de 1993 o trio original se reúne para gravar uma faixa inédita (”O Guarani”), editada como bônus no relançamento em CD do “Snegs”. Em 94 reuniram-se para 2 novos shows, que resultaram no CD “Live 94″.
As perspectivas eram excelentes, pois ambos os CDs (editados pela gravadora “Progressive Rock Worldwide”) foram bem recebidos e a imediata e positiva conseqüência foi um convite para apresentações no Japão, em um Festival de Rock Progressivo.
O destino, porém, foi cruel, com o imprevisível falecimento de Pedrinho Batera…
Nova dissolução ocorreu e desta vez parecia ser definitiva…
O Retorno em Grande Estilo
Esta surpreendente e fantástica reunião se deu pelas seguintes razões:
Por volta de 2004, surgiu no mercado fonográfico “alternativo”, um CD “Bootleg” contendo a gravação de um show realizado em setembro de 1976. O sucesso foi total, tanto entre os antigos fãs quanto entre os da nova geração, que se surpreenderam com a excepcional qualidade técnica que a banda mostrava ao vivo.
Decide-se que é chegada a hora de editar um disco ao vivo oficial: o resultado é o fantástico “A Procura da Essência - (Ao Vivo 1975-1976)”, lançado pela gravadora carioca Editio Princeps (www.editioprinceps.com).
Este CD duplo traz, pela primeira vez, gravações ao vivo do Som Nosso de Cada Dia em seu período mais progressivo, durante os anos 70, cuidadosamente selecionadas pelos próprios músicos dentre as fitas de melhor qualidade sonora remanescentes. Além de diversas improvisações e versões estendidas de antigos clássicos, estes registros incluem versões inéditas de faixas da lendária suíte “Amazônia”, gravada pela banda em 1975 e nunca lançada integralmente.
Aproveitando as três décadas de lançamento do “Snegs” e o CD duplo ao vivo, Pedro Baldanza montou uma banda-tributo para gravar um CD chamado “O Som Nosso de Cada Dia a Dia”, mas, apesar de várias músicas terem sido gravadas, o projeto foi arquivado e não há previsão de seu lançamento.
No entanto, o conjunto dos fatores acima proporcionou uma reaproximação com Manito e em 24/04/2008 aconteceu o que a muitos parecia que jamais ocorreria novamente…
Dentro da extensa programação do extraordinário evento paulistano “Virada Cultural”, estava agendada a apresentação do SOM NOSSO DE CADA DIA para tocar o “Snegs” na íntegra!!
Dessa forma, mesmo estando programado para o lamentável horário das 3 da madrugada, dos MUTANTES estarem se apresentando no mesmo horário e das pessoas terem de permanecer horas na fila (seria no Teatro Municipal, onde havia uma limitação de lugares em torno de 1.500 pessoas), a lotação foi TOTAL.
A formação dos músicos incluiu Manito (teclados, sax, flauta) e Pedro Baldanza (baixo e vocais), brilhantemente auxiliados por Marcelo Schevano (guitarra e flauta), Edson Guilardi (o mesmo baterista que tocou com o Terreno Baldio) e Fernando Cardoso (atual tecladista do Violeta de Outono, toca também na bandas Homem com Asas e Compacta Triô). Complementaram a seleção, os excelentes vocalistas Thiago Furlan e Jorge Canti.
Então, com todos os fatores acima e aliado ao fato de estar sendo no belíssimo espaço que é o Teatro Municipal, o show foi absolutamente emocionante e inesquecível.
A emoção da platéia foi intensa e indescritível, com a realização de um “sonho impossível”, tanto por parte da “Velha Guarda” quanto dos inúmeros jovens e apaixonados fãs. Todas as músicas foram enormemente celebradas, mas preciosidades como “Sinal da Paranóia” e “Bicho do Mato”, criaram um longo e extraordinário uníssono.
Agora, na sua nova apresentação, no Carnaval de 2009, no FESTIVAL PSICODÁLIA, em meio a exuberante natureza da região de São Martinho (SC), não resta dúvida que as mesmas emoções se repetirão.
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